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O ritmo que transforma


Dirigido por William Dieterle, “Cavalgada de melodias” (1942) é um filme à frente de seu tempo, como o gênero musical que busca retratar: o jazz. Acompanhamos a jovem Kit (Bonita Granville), que deixa a efervescente vida cultural de New Orleans rumo a Chicago. Ela, no entanto, leva um pouco do Sul dos Estados Unidos para a nova cidade, onde se apaixona pelo músico Johnny (Jackie Cooper) e choca a população ao apresentar um ritmo desconhecido. Trata-se do jazz, com elementos de blues, ragtime e swing. Tal união de gêneros é chamada de “Syncopation”. Não por acaso, o título original do longa.


A obra retrata este momento de transformação cultural pré-Segunda Guerra, marcado pela proibição do consumo de bebidas e pela quebra da Bolsa, em que um estilo musical era o suficiente para chocar as pessoas. O filme é eficiente ao retratar a música como elemento de revolução. De forma elegante, aponta que o jazz é inevitável e contagiante. Você pode ser conservador, mas vai acabar movendo os pés e seguindo o ritmo.


Destaca-se ainda a opção dos realizadores em ter uma mulher como fio condutor da narrativa, algo especial tendo em vista que estamos diante de uma obra dos anos 40 que se passa no início do século XX. Além disso, o longa não deixa de valorizar o jazz e a música de New Orleans em sua essência, reconhecendo a importância dos artistas da região, em sua maioria negros. É interessante notar até mesmo uma crítica à comercialização do gênero. Em determinado momento, Johnny assume função em uma orquestra de jazz e se vê diante uma realidade pouco criativa. Nos deparamos com um jazz sem alma, para consumo da elite. Logo percebemos que o caminho correto é o outro, mesmo que sem o mesmo sucesso. Há uma ode ao novo.

(Texto publicado na revista da mostra "O Jazz vai para Hollywood" parceria ACCRJ/Cinemateca do MAM - Setembro de 2019)



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