União pelos cinemas do Rio
V. Ex.ª Prefeito Eduardo Paes
Em nome de todos os jornalistas e críticos de cinema que fazem parte da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) e trabalham nos jornais, rádios, TVs e sites na cidade do Rio de Janeiro.
União pelos cinemas do Rio
Os cinemas cariocas sofreram as sequelas gravíssimas da pandemia. Dezesseis salas estão fechadas em definitivo ou em risco de extinção num cenário que depende, principalmente, da articulação dos administradores dos circuitos exibidores com o governo municipal. É urgente a união para reativar e manter abertos esses espaços fundamentais para a produção cultural brasileira, para o desenvolvimento humano e comunitário e para o crescimento econômico do entorno dos locais de exibição.
Os sete meses de fechamento dos cinemas foram um duro golpe para o Roxy e Odeon, do grupo Severiano Ribeiro, e para o Cine Joia, de Raphael Aguinaga. Além da incerteza das salas do Estação Ipanema, do Barra Point, da Cândido Mendes e da Laura Alvim, estamos a ponto de perder as 5 salas do Estação Rio, em Botafogo. Lugares que fazem parte fundamental da vida cultural, social e econômica porque fomentam não só os cinemas como também bares, restaurantes, livrarias e todo complexo comercial das regiões.
O Joia, de Copacabana, fechado em novembro do ano passado, contava com o contrato assinado com a RioFilme, mas desde abril deixou de receber repasses mensais da gestão municipal anterior, que poderiam garantir a resistência até as salas reabrirem na flexibilização da pandemia. No entanto, o contrato foi revogado unilateralmente.
A Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro – ACCRJ - reforça que um ponto crucial da sobrevivência desses cinemas está na programação. Se o Severiano Ribeiro, UCI, Cinépolis e Cinemark estão voltados, na maioria das vezes, para os filmes de grande investimento comercial, as salas como Joia, Laura Alvim e Estação são dedicadas às produções independentes, ao cinema brasileiro e aos documentários. Filmes premiados em festivais internacionais como Cannes e Berlim, e principalmente os filmes de baixo orçamento brasileiro, correm o risco de não serem exibidos no Rio de Janeiro. O Espaço Itaú de Cinema, que mescla os dois tipos de filmes, tem patrocínio do banco, o que garante a sua sobrevivência.
Além do reflexo da pandemia, sofremos há décadas a perda recorrente das salas de rua. Prédios históricos, destinados aos filmes, assumem finalidades bem longe da sua destinação cultural.
Fechado desde 2014, o Cine Leblon ainda é uma enorme expectativa. O prédio foi destombado pela prefeitura para viabilizar a construção de um edifício comercial com a contrapartida de que a fachada histórica em art déco fosse mantida e as salas de cinema voltassem a funcionar e a cumprir o deleite cultural e social do bairro. Isso se deu a uma reivindicação dos moradores. O edifício de sete andares está lá, só faltam as salas reabrirem para iluminar com cultura o bairro e a cidade do Rio de Janeiro.
Cordiais saudações,
Ana Rodrigues
Presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ)
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