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2021, cinema em busca de respiro

Por Lucas Salgado

Com a pandemia de covid-19, 2020 foi um ano atípico e de muito improviso na cena cultural e cinematográfica. Milhares de eventos foram cancelados e outros migraram para o formato on-line. As salas de cinema permaneceram fechadas por boa parte do ano e filmes tiveram seus lançamentos adiados ou estrearam diretamente no streaming. Em 2021, o cenário da pandemia se manteve, mas o advento da vacinação em massa e a maior vivência dos produtores culturais, exibidores e espectadores com as restrições sanitárias possibilitaram a realização de eventos mais organizados, tanto presenciais quanto digitais.

 

Como faz anualmente, a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) preparou uma retrospectiva dos principais eventos e acontecimentos cinematográficos no Rio de Janeiro e no Brasil ocorridos no ano anterior. Este ano, o apanhado reflete um cenário particular em que o cinema, visivelmente, tentou respirar.

 

Tradicionais eventos do calendário audiovisual, a Mostra de Cinema de Tiradentes, o Olhar de Cinema de Curitiba, o É Tudo Verdade e o Festival Ecrã foram realizados em 2021 de forma inteiramente on-line, aliás, como boa parte das mostras no primeiro semestre do ano. Uma exceção foi a Steve McQueen — The King of Cool, realizada entre março e abril no Centro Cultural Banco do Brasil (CBBB) do Rio de Janeiro, acompanhada de exposição produzida pelo cineasta Cavi Borges nas Casas Casadas, em Laranjeiras. Na sequência, a mostra passou pelos CCBBs de Brasília e São Paulo. Também no CCBB destacaram-se retrospectivas sobre as obras do diretor Hong Sang-soo e do compositor John Williams.

 

Em maio, a mostra Melhores do Ano da ACCRJ foi realizada no Cinema João Uchoa da Universidade Estácio de Sá, no Rio Comprido. Mas a grande leva de eventos presenciais se deu no segundo semestre. Fechada por boa parte do ano, a sala da Cinemateca do MAM reabriu no fim de outubro com um bom retorno de público, especialmente nas sessões em 35mm. Um destaque foi a mostra Dante L’Italiano, comemorativa dos 700 anos de Dante Alighieri, que contou com uma bela sessão de “L’inferno” (1911). Grandes eventos, como a Mostra Internacional de São Paulo e o Festival do Rio, também retomaram seu formato presencial. A mostra paulista ainda ofereceu parte da programação on-line, mas reservou seus principais filmes para as salas de cinema.

 

2021 também marcou a volta dos heróis aos cinemas. “Viúva negra”, “Venom – Tempo de carnificina”, “Eternos” e “Shang-Chi e a lenda dos dez anéis” apresentaram bons números. Mas nenhuma produção chegou perto de “Homem-Aranha – Sem volta para casa”, a primeira a superar a marca de US$ 1 bilhão durante a pandemia. “Velozes e furiosos 9”, “Duna” e “Matrix Resurrections” também ajudaram a reaquecer o mercado exibidor.

 

O surgimento de novas variantes do coronavírus e o negacionismo ainda dificultam a volta à normalidade, mas parece inegável que 2021 trouxe, sim, momentos de respiro para a indústria cinematográfica. A expectativa e a torcida são de que, em 2022, tais respiros deixem de ser pontuais.

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