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Amantes (Two Lovers), de James Gray (EUA)

Por Luiz Gallego 

Se nos filmes anteriores de James Gray sempre havia policiais ou gente nas fronteiras da ilegalidade, desta vez o cineasta decantou o que seria o seu tema essencial: a tensão entre o grupo familiar e um de seus membros. Ele já disse achar que família é uma doce armadilha. E não julga nem condena os novos personagens. Se alguns fazem os demais sofrerem, não é intencional: são pessoas comuns em desencontro com elas mesmas, e com os outros. 

O título original do quarto longa do diretor é Two Lovers, apontando a dualidade do personagem central que vai rapidamente da melancolia à euforia e vice-versa. Sempre ambivalente, tenta suicídio, se arrepende e pouco depois faz piadas que dissimulam a depressão. 

Seus pais esperam ampliar um negócio de família se ele casar com a maternal Sandra que diz querercuidar de Leonard, mas ele fica fascinado com Michelle - que só o quer como amigo confidente. Ele a deseja de modo apaixonado e idealizado, enquanto Sandra seria a escolha terna e racional. Mas qualquer escolha parece ser a perda de uma ou outra forma de amar. A atração oscilante pelas duas moças mereceu bela narrativa cinematográfica com frequentes planos fechados no rosto de Joaquin Phoenix, revelando a empatia visceral do ator com o personagem.

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