Carlos Augusto Dauzacker Brandão
Por Myrna Brandão
Carlos era e continuará sendo companheiro amado e querido. Parceiro na vida, na unidade de pensamento e nas ações. Abstraindo o imenso afeto que tínhamos um pelo outro, era uma pessoa que eu admirava muito e que teve grande influência na minha trajetória. A convivência com ele me fez certamente um ser humano melhor. Uma vez, numa coletiva dos Irmãos Dardenne, um jornalista perguntou: como vocês dois conseguem ter tanta sintonia? Luc respondeu. Nós não somos dois, somos um. Assim também nos sentíamos.
Carlos era diretor da Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema) para História do Cinema e Contatos com Cinematecas. Nessa função, participava, como membro do Board de Diretores, das Assembleias da Fipresci desde 2001, em Saint Vincent (Piemonte), Viareggio, Taormina, Roma, Túnis, Bari e em festivais europeus que abrigavam as reuniões. Presidiu os Júris da Crítica Internacional (Fipresci) do Festival de Fribourg (Suíça), de Havana (Cuba) e Festival do Rio BR. E, como membro, participou de júris no Festival de Berlim, de Mar del Plata, Gramado, Cine Ceará, Cine-PE e outros. Na sua passagem pela Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ), foi presidente em dois mandatos e, desde 2001, era delegado representante da Associação nas Assembleias da Fipresci. Na gestão atual da ACCRJ, era membro do Conselho.
Como diretor do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB), além da organização de mostras, painéis e retrospectivas de títulos brasileiros, coordenou a restauração dos filmes “Aviso aos navegantes”, de Watson Macedo, “Tudo azul”, de Moacyr Fenelon, “Menino de engenho”, de Walter Lima, “O país de São Saruê”, de Vladimir Carvalho, “O homem que virou suco”, de João Batista de Andrade, “Rico ri à toa”, de Roberto Farias, e “A hora da estrela”, de Susana Amaral.
Exercia, há 20 anos, a função de programador da seleção dos filmes do Festival do Rio. Era membro da Academia Brasileira de Cinema, onde propôs a criação do “Prêmio Preservação”, aprovado na gestão do diretor Roberto Farias. Desde então, participava da indicação de Instituições/Pessoas para o prêmio: entre outras, Arquivo Nacional, Museu de Arte Moderna, CineOP-Mostra de Ouro Preto, Alice Gonzaga e Francisco Sérgio Moreira. Foi conselheiro em várias gestões do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC).
Como jornalista, fazia coberturas de festivais de cinema internacionais e nacionais (Sundance, Berlim, Nova York, Roma, Europacine e outros) para jornais e sites brasileiros. Em 2008, foi moderador do Panel The Latin Resurgence no Festival de Cinema Independente de Sundance em Park City (Utah, EUA). Escrevia regularmente nos sites mnemocine, cenaporcena, Laboratório Pop, e eventualmente na Gazeta do Povo (Curitiba) e no JB. Criador e editor do Site www.mcinema.com.br.
Na área literária, Carlos participou como escritor e colaborador nas edições de vários livros, como “Memória da memória – uma história do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB)”; “Cadernos de pesquisa do CPCB”; “Roteiro de O caçador de diamantes” – escrito originalmente por Vittorio Capellaro; “Na trilha dos ambulantes”, como escritor do capítulo “Germano Alves e Apolônia Pinto”; e “Jung e o cinema”, como escritor do capítulo “O cinema e o inconsciente”.