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Milos Forman e suas obras imortais

Por Luciana Costa

O ano de 2018 foi marcado pela perda de grandes artistas que emocionaram e impactaram, entre eles Milos Forman. Apesar de também ator e roteirista, ficou conhecido por dirigir sucessos como “O estranho no ninho”, “Hair”, “Amadeus”, “O povo contra Larry Flynt”, “A sombra de Goya” e por ser um dos únicos seis cineastas a ganhar dois Oscars de melhor direção.

 

Já no início de carreira, ainda na Tchecoslováquia, viu um de seus primeiros trabalhos, “Amores de uma loira”, ser indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e vencer o Festival de Veneza. Um marco que destacou o cinema tcheco no mapa. E, se não fosse o bastante, seu primeiro trabalho americano, “Um estranho no ninho”, ganhou o Big Five (as cinco principais categorias do Oscar). Mas a que se deve isso? Por que seus filmes são tão aclamados pelo público e pela crítica? Por que tantas indicações para os mais variados prêmios?

 

Com seu estilo provocador, que tira da zona de conforto, e suas críticas nada discretas à sociedade, Milos conta histórias polêmicas, sobre pessoas que não se encaixam no perfil de normatização. Em “Um estranho no ninho”, vê-se um grande mal retratado na década de 70: quem causa qualquer tipo de incômodo é considerado louco. Ninguém quer lidar com um problema, apenas isolá-lo. Tem-se a inversão do louco com o são e a crueldade que se mascara de zelo. Um filme que causa as mais variadas sensações e emoções ao seu espectador, e de forma alguma o deixa apático ou indiferente a ele.

 

Em “Hair”, há uma grande sátira, um drama repleto de humor inteligente. O militar que vira hippie, o hippie que vira militar. Brincando sempre com a indiferença burguesa, mexendo com a ideologia do herói de guerra e forçando o espectador a olhar de perto para o que muitos faziam questão de virar a cara: o hippie. Há palavras, músicas, cenas e gestos extremamente chocantes para uma sociedade conservadora. Forman marcou uma época e mudou os moldes do cinema.

 

Dentre sua grande gama de obras, não é possível deixar de mencionar minha favorita, “Amadeus”, que lhe rendeu o Oscar de direção, de filme, o César de filme estrangeiro e muitos outros prêmios. Livre adaptação do livro romanceado de Peter Shaffer, que conta a história de Wolfgang Amadeus Mozart, esta produção majestosa, rodada em muitos palácios e teatros, mostra algumas óperas de Mozart, mas aqui o maestro que se destaca é Milos, com uma obra de arte primorosa, toda muito bem coreografada. Por seu espírito crítico, o filme é todo focado na linha tênue entre inveja e admiração.

 

A maioria de seus trabalhos foram musicais e livre adaptações biográficas. O grande ponto em comum entre eles é a tragédia inesperada. Até suas produções mais bem-humoradas terminam em mortes trágicas, prematuras e repentinas. Talvez esteja aí sua maior sátira para com o ser humano: em todas as suas obras, ele ensina que a vida é cheia de surpresas e, muitas vezes, breve. Felizmente, a dele não foi, dando-lhe tempo de deixar tantos filmes imortais.

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