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Roberto Farias

Por Zeca Seabra

O gestor do cinema brasileiro

O diretor, roteirista e produtor brasileiro Roberto Figueira Farias morreu aos 86 anos em maio de 2018, deixando um importante legado cinematográfico que abrangeu várias fases do cinema nacional, sempre exercendo funções importantes e dirigindo filmes de grande sucesso de público.

 

Nascido em 1932 em Nova Friburgo, no interior do estado do Rio de Janeiro, Farias começou sua carreira na célebre produtora nacional Companhia Atlântida. Nos sets, Farias começou como assistente de direção e no final da década de 50 assinou sozinho a direção e o roteiro da comédia “Rico ri à toa” (1957). Seus trabalhos seguintes foram “No mundo da lua” (1958) e “Um candango na Belacap” (1961), deixando sua marca nas famosas chanchadas, popular gênero cinematográfico brasileiro.

 

O cinema que Roberto farias produziu no início dos anos 60 se enquadra na categoria nacional-popular, resultado direto da revolução romântica da época. Em “Cidade ameaçada” (1960) e “Selva trágica” (1964), Farias abordou elementos sociais e temas caros à população, explorando personagens vitimados e em confronto com a lei. Mas foi com “O assalto ao trem pagador” (1962) que a aclamação se consolidou. Estrelado por Reginaldo Faria — irmão do diretor — o filme incorporava elementos sociais ao thriller criminal à maneira dos grandes filmes noir do cinema norte-americano e francês, chegando a representar o Brasil no Festival de Veneza.

 

No início dos anos 60, Farias buscou alguma proximidade com o Cinema Novo, mas não chegou a ser considerado parte do grupo pelo formato tradicional de seus filmes e pela preocupação em contornar a separação entre artistas e povo. Em vez de realizar obras contestadoras, optou por um esquema direto com o público – o que não o impedia de ter um olhar solidário para as diferenças sociais.

 

Em 1982, testou a abertura política com o provocativo “Pra frente, Brasil”, um thriller político em que um homem é preso por engano e submetido a torturas nos porões da ditadura enquanto o país vibra com a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970. O filme foi vetado pela censura e provocou a queda do então presidente da Embrafilme, o diplomata Celso Amorim.

 

Além de produtor na R. F. Farias e diretor de filmes como “Toda donzela tem um pai que é uma fera” (1966) e da trilogia de Roberto Carlos, foi um dos fundadores da Difilm, distribuidora mais importante do Cinema Novo. Mais tarde, em 68, participou da Ipanema filmes, e, de 1974 a 1978, foi o primeiro cineasta a dirigir a Embrafilme, que durante sua gestão obteve a maior onda de sucesso de filmes brasileiros, entre eles “Dona Flor e seus dois maridos”, “Bye, Bye, Brasil” e “Xica da Silva”.

 

Sua despedida como diretor deu-se em 1987 com “Os Trapalhões no Auto da Compadecida”, baseado em texto de Ariano Suassuna. Com seu talento de criador e inventividade de gestor, Roberto Farias deixa uma marca importante no cinema brasileiro.

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