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Elvis

Por Célio Silva

O som e fúria do Rei (sem perder a ternura)

  

Entra ano e sai ano, a vida e a carreira de Elvis Presley são mostradas no cinema e na TV, com resultados bem irregulares, mas que mantém acesa a chama do interesse do público sobre o Rei do Rock. “Elvis”, lançado em 2022, consegue a proeza de ser melhor do que a maioria dos projetos sobre o ídolo, principalmente por dois motivos: Baz Luhrmann e Austin Butler.

 

O diretor de “Moulin Rouge” e “O grande Gatsby” encontra em “Elvis” o tema perfeito para que seu estilo extravagante se torne adequado para contar a história do ícone da música. Os movimentos inusitados de câmera, a edição frenética e o excesso de grafismos na tela funcionam perfeitamente no longa, especialmente nas recriações dos shows de Presley, e nunca cansam o espectador.

 

Já Butler, cujo papel mais conhecido até então foi como um dos integrantes da família Manson em “Era uma vez em... Hollywood”, se entrega de corpo e alma para interpretar Elvis, desde a juventude até seus últimos dias de vida, chegando a interpretar algumas de suas canções. Em alguns momentos, parece que é o verdadeiro Elvis que está em cena e não um ator, tamanha a perfeição de sua performance. Não à toa, seu trabalho foi um dos mais elogiados do ano e lhe deu muitos prêmios.

 

O filme conta, a partir do ponto de vista do empresário de Elvis, o Coronel Tom Parker (numa boa interpretação de Tom Hanks, que busca sair dos papéis de bom moço, apesar da péssima maquiagem para torná-lo um homem obeso), os principais momentos da trajetória do cantor, em paralelo aos eventos históricos e culturais das décadas de 1950, 1960 e 1970.

 

O longa também destaca as tentativas do Coronel em colocá-lo alheio ao que acontecia no mundo e a luta do cantor em ter mais controle de sua carreira, o que gerou conflitos entre ele e o empresário. Embora nem todas as cenas sejam verídicas, o filme ganha pontos ao mostrar esses embates e faz o espectador se comover com o drama de Elvis.

 

Luhrmann foi feliz ao mostrar a influência de cantores como Little Richard e B. B. King nas músicas de Elvis, além de traçar um paralelo com outros ritmos contemporâneos, como o rap e o hip hop. Uma espécie de reparação a tudo o que foi ocultado durante muitos anos e que é bem-vinda nos dias de hoje.

Embalado por uma ótima trilha sonora e direção de arte impecável, “Elvis” comprova que o rock tem apenas um rei, que nunca perdeu sua majestade.

Elvis, de Baz Luhrmann (EUA/Austrália, 2022). Com Tom Hanks, Austin Butler, Olivia DeJonge.

Drama. Sinopse: Um olhar sobre a vida da lendária estrela do rock and roll, Elvis Presley. 159 minutos. 14 anos.

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