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Festivais, Mostras e Retrospectivas

Por Lucas Salgado

Além de buscar estimular a reflexão e o conhecimento com a exibição, seguida de debates, dos melhores filmes do ano que termina, o evento promovido pela Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) também serve como ponto de partida para o calendário de atividades cinematográficas do ano que se inicia. Assim, a mostra Melhores Filmes do Ano, que acontece tradicionalmente no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), dá a largada anual na agenda cinematográfica carioca.

 

Em 2014, o CCBB também abrigou mostras como O Cinema de Maurice Pialat, Cine MPB, A Era Disco no Cinema, Mostra de Filmes da Austrália, Festival Adaptação, O Cinema de Pierre Étaix, Festival de Cinema Europeu, Nouvelle Vague Tcheca – O Outro Lado da Europa, Fritz Lang – O Horror está no Horizonte, Pasolini ou Quando o Cinema Se Faz Poesia e Política de Seu Tempo, Pequenas Histórias da Vanguarda – Downtown New York e Cinema Atual Espanhol. O CCBB também foi palco da mostra Surrealismo e Vanguardas, que funcionou de forma integrada com a abrangente exposição de Salvador Dali no espaço.

 

Ao lado do CCBB, a Caixa Cultural se consolida a cada ano como um dos espaços culturais mais importantes do Rio de Janeiro, principalmente no que diz respeito ao cinema. No ano passado, foram realizadas ali mostras importantes como Claudio Pazienza, O Encontro Que Nos Move, O Cinema de Nicolas Klotz: A França Dos Excluídos, Palavra em Movimento – Filmes e Roteiros de Jorge Furtado, Uhuru – Mostra de Cinema Africano Pós-Independência, O Cinema de Jirí Menzel, Ser Tão Pop – O Novo Cinema do Sertão, Cinema Japonês dos Anos 2000, Jia Zhangke – A Cidade em Quadro, O Cinema de István Szabó, O Cinema de Ermanno Olmi, O Novo Cinema Chileno e A Verdade Seja Dita: Nuances do Tênue Cinema de Errol Morris.

 

O Museu de Arte Moderna (Cine Design), o Oi Futuro Ipanema (Mostra Apichatpong Weerasethakul), o Armazém da Utopia (Mostra Marcas da Memória) e o Instituto Moreira Salles (Mostra Karim Aïnouz, Mostra África Hoje e Festival Internacional de Cinema Feminino) foram outros espaços importantes no cenário cinematográfico carioca, que também não abriu mão de suas mostras e seus festivais permanentes, como Mostra do Filme Livre, É Tudo Verdade, CineFoot – Festival de Cinema de Futebol, Rio Festival Gay de Cinema, Anima Mundi 2014, Festival Varilux de Cinema Francês, Recine – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Semana dos Realizadores, Curta Cinema e Festival do Rio.

 

As mostras e festivais cinematográficos são de fundamental importância para instigar o cinéfilo que existe em cada um. Afinal, o que poderia haver de melhor para um admirador de cinema do que descobrir um diretor com o qual não está tão familiarizado (Nicolas Klotz, Pierre Étaix, Ermanno Olmi...), ter a oportunidade de entrar em contato com partes menos conhecidas das filmografias de grandes nomes (Errol Morris, Pasolini...) ou viajar por cinematografias que passam longe do circuito comercial brasileiro (Chile, Espanha, República Tcheca...)?

 

Pode-se dizer que o Rio de Janeiro está bem servido de mostras, festivais e retrospectivas, mas ainda assim volta e meia o cinéfilo é obrigado a conviver com a inveja com relação a outras cidades brasileiras. São Paulo, por exemplo, recebeu retrospectiva de Pietro Germi, Pedro Almodóvar, Noboru Nakamura e Victor Erice. As três últimas fizeram parte da programação de 38ª Mostra de Cinema de São Paulo. A capital paulista também foi palco de uma mostra sobre James Dean, que já havia feito sucesso no Rio, em 2013.

 

Diretores como Ingmar Bergman, Humberto Mauro, Stanley Kubrick, Sergio Leone, Avi Mograbi, Ken Jacobs e Olivier Assayas ganharam mostras em Belo Horizonte, enquanto Porto Alegre apresentou o Cine Esquema Novo, a Mostra Polo Audiovisual RS e o Fantaspoa: Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre. Em Fortaleza, teve a Mostra Cinema de Garagem, o FestFilmes – Festival do Audiovisual Luso Afro Brasileiro e a Mostra do Cinema Político. A Mostra John Ford e a Mostra Cinema Espanhol Atual foram destaques em Aracaju. Já o Distrito Federal, além do tradicional Festival de Brasília e da Mostra Internacional, contou com Neville D'Almeida – Cronista da Beleza e do Caos, uma retrospectiva completa de um dos grandes nomes do cinema brasileiro. A torcida de ano novo é para que algumas das mostras que ganharam espaço em outras praças possam passar pelo Rio de Janeiro em 2015. Afinal, nascido em Belo Horizonte, Neville D’Almeida, por exemplo, adotou a capital fluminense não apenas para morar, mas para ser o cenário da maioria de seus filmes.

 

Se algumas mostras de “fora” podem aportar no Rio, o mesmo pode acontecer no sentido contrário. Em 2014, retrospectivas de Walter Carvalho e dos irmãos Coen foram passear por outros estados após nascerem no Rio. E isso tem tudo para se repetir em 2015, com mostras como A Era Disco no Cinema, que poderia, bem de acordo com a estética glitter da época, brilhar em outras paragens.

 

Festivais, mostras e a retrospectivas são escolas de cinema, e a torcida da ACCRJ é para que proliferem cada vez mais. Mas a associação, claro, não fica só na torcida: com a mostra Melhores Filmes do Ano, busca dar, já no início do ano que começa, oportunidade ao público de ver/rever produções que se destacaram no último ano, além de promover o debate cinematográfico.

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