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Guerra Fria

Por Luciana Costa

Uma história de amor 

 

Uma encantadora história de amor e superação que se passa após a Segunda Guerra. Conta com belíssimo uso de som e silêncio em cortes bruscos, fazendo alusão aos contrastes predominantes no longa, representando metaforicamente os binômios tempestade e bonança, batalha e trégua, juntos e separados, preto e branco. A própria Guerra Fria aconteceu entre polos opostos, Estados Unidos e União Soviética, dois países tão diferentes em questões ideológicas, políticas e sociais, mas que saíram vencedores da Segunda Guerra mundial e possuíam o maior arsenal bélico do mundo.

O diretor Pawel Pawlikowski (vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015 por “Ida”) usa uma estética em tons de cinza, típica dos filmes do sueco Ingmar Bergman. O enredo, nos moldes do clássico “Casablanca” (1942) de Michael Curtiz, nos apresenta ao casal composto por Wiktor (Tomasz Kot) e Zula (Joanna Kulig), que se encontram e se separam diversas vezes ao longo de 15 anos, envolvendo-se em outros relacionamentos, mas nunca deixando de se amar. Em brilhante sintonia entre atores e direção, a intensidade dos sentimentos dos protagonistas nos é passada por gestos e olhares, sem a necessidade de longos diálogos. 

A música cantada diversas vezes no decorrer do filme conta a história do casal. Já aparecendo em uma das cenas iniciais, e seus versos dizem: “Dois corações, quatro olhos. Choram noite e dia. Moça dos olhos escuros chora porque vocês não podem ficar juntos”. Ali, já é dito ao espectador do que irá se tratar toda a narrativa que usa a guerra apenas como pano de fundo. 

“Guerra Fria” ousou não só na filmagem em preto e branco, mas também com formato de tela em 4:3, indo contra os moldes cinematográficos atuais nos quais as telas são cada vez maiores, e os efeitos tecnológicos cada vez mais rebuscados. O longa tem uma aura retrô que nos leva a uma total imersão na Polônia de 1949, onde a história se inicia. É difícil lembrar que estamos vendo um filme de arte lançado em 2018 e não um clássico dos anos 40/50.  Não é à toa que foi indicado a três Oscars nas categorias fotografia, direção e filme estrangeiro, e venceu o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes.

Guerra Fria (Zimna wojna), de Pawel Pawlikowski (Polônia/Reino Unido/França, 2018). Com Joanna Kulig, Tomasz Kot, Borys Szyc.

Drama. Sinopse: Durante a Guerra Fria travada entre a Polônia stalinista e a Paris boêmia dos anos 50, um músico amante da liberdade e uma jovem cantora, com histórias e temperamentos diferentes, vivem um amor impossível. 89 min. 14 anos.

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