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Homenagem ao ator Paulo Gustavo

Por Ana Carolina Garcia

“Rir é um ato de resistência”

Nos últimos dois anos, a covid-19 se alastrou pelos quatro cantos do mundo, levando dor e sofrimento. Somente no Brasil, mais de 600 mil famílias enlutadas choram por seus entes queridos enquanto assistem, atônitas, a atos negacionistas que prolongam o cenário pandêmico. Uma dessas famílias é a de Paulo Gustavo, vitimado pelo vírus em 4 de maio de 2021, dia em que celebraria o 15o aniversário da peça cuja adaptação o tornaria um dos grandes nomes do cinema nacional: “Minha mãe é uma peça” (2006). Ele tinha 42 anos de idade e estava na melhor fase de sua vida pessoal e profissional.

 

Dirigido por André Pellenz, “Minha mãe é uma peça: O filme” (2013) colocou Paulo Gustavo no mesmo patamar de Xuxa e Os Trapalhões no que tange a sucesso de público, possibilitando a fácil identificação de mães e filhos, bem como a produção de outros dois longas e a consolidação de uma trajetória brilhante. Trabalhando o politicamente incorreto de maneira espontânea, Paulo Gustavo condensou na personagem Dona Hermínia, inspirada em sua própria mãe, dona Déa Lúcia, todas as angústias e pesadelos de mães superprotetoras que, vez ou outra, ultrapassam os limites e levam os filhos à loucura.

 

Dona Hermínia foi o meio encontrado por Paulo Gustavo para abordar, com sensibilidade e humanidade, questões enfrentadas por muitas famílias. Com isso, transmitiu ao público a urgente mensagem de que o amor e o respeito são elementos imprescindíveis para que o indivíduo aprenda a conviver com as diferenças, aceitando e compreendendo o próximo, algo enraizado em todos os seus trabalhos, como “Os homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!” (2014) e “Minha vida em Marte” (2018).

 

Filantropo, Paulo Gustavo era uma figura ligada nos 220 volts e brincava magistralmente com estereótipos. Dialogando com o público de todas as idades e classes sociais, o ator e humorista deixou sua marca na história do teatro, da televisão e do cinema brasileiros como poucos conseguiram fazer. E é por e para ele que o riso resistirá mesmo em meio ao caos negacionista.

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