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Homenagem ao ator Paulo José

Por Daniel Schenker

Um artista versátil por excelência

Ao longo dos anos, o público viu Paulo José na tela em registros os mais diversos. O ator suscitou empatia como Paulo, que relata ao amigo Edu (Flávio Migliaccio) seu encantamento por Maria Alice (Leila Diniz), numa atuação adequadamente espontânea, em sintonia com o espírito solar de “Todas as mulheres do mundo” (1966), de Domingos Oliveira. Destacou-se como o padre contido que se impressiona com uma jovem, Mariana (Helena Ignez), logo após ter chegado a um povoado quase estagnado em “O padre e a moça” (1966), de Joaquim Pedro de Andrade.

 

Paulo José divertiu como Silvio, o professor bem-humorado que, ao tentar pegar o pão, fica nu do lado de fora do apartamento em “O homem nu”, produção de Roberto Santos de 1968, adaptada do livro homônimo de Fernando Sabino. Chamou atenção em “As amorosas” (1968) como o rapaz desnorteado, sem motivação – Marcelo, nome do alterego do cineasta Walter Hugo Khouri, personagem recorrente em sua obra. Surpreendeu na pele do Macunaíma branco e da mãe de Macunaíma em outro trabalho de Joaquim Pedro, realizado em 1969, versão singular do romance de Mario de Andrade, em interpretação notadamente expansiva, histriônica, próxima da chanchada.

 

E foi o “Rei da Noite” paulistana no filme de Hector Babenco, de 1975, entre tantos desempenhos que confirmaram sua versatilidade. Não por acaso, Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, diretores do documentário sobre Paulo José, escolheram como título “Todos os Paulos do mundo” (2018). Muitas atuações poderiam ser mencionadas, a partir de produções como: “Cassy Jones: O magnífico sedutor” (1972), de Luís Sergio Person; “O homem do pau-brasil” (1982), de Joaquim Pedro de Andrade; “Edu coração de ouro” (1968), “A culpa” (1971) e “Juventude” (2008), os três assinados por Domingos Oliveira; e “O palhaço” (2011), de Selton Mello.

 

Transitando com habilidade da sutileza à extroversão, da comédia romântica ao drama contundente, Paulo José, que morreu em 11 de agosto de 2021, marcou como um ator que evidenciou admirável capacidade de se integrar à linguagem proposta por cada cineasta.

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