Homenagem à Pelé
Por Bruno Giacobbo
Isto foi Pelé!
Quando uma entidade como a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) decide homenagear alguém que não é do meio, ainda que este seja o Pelé, falecido em 29 de dezembro de 2022, isso pode soar estranho para muita gente, mas, com apenas um clique, é possível descobrir na internet que há, pelo menos, quatro documentários sobre o Rei do futebol. O mais famoso deles, “Isto é Pelé” (1974), foi dirigido por dois gigantes do cinema nacional: Luiz Carlos Barreto e Eduardo Escorel. Importante produtor e diretor da Boca do Lixo, Aníbal Massaíni Neto também dirigiu um documentário bastante respeitado: “Pelé eterno” (2004). Todavia, existem, ainda, as obras ficcionais.
Fora os documentários, o Rei do futebol participou de alguns filmes como ator. Em “Os trombadinhas” (1979), trama policial com consciência social do laureado Anselmo Duarte, Pelé interpreta Pelé (isso mesmo) e enfrenta bandidos que exploram menores de rua. Se não fossem os diálogos surreais, o resultado final poderia ter sido melhor. Já em “Fuga para a vitória” (1981), realizado pelo oscarizado John Huston, Pelé é Luis Fernandez, um cabo que, na Segunda Guerra, deve jogar contra os nazistas a partida de futebol da sua vida. Se vencer, vive, se perder, morre. No entanto, como entrega o título, ele tem um plano b.
A verdade é que algumas pessoas transcendem a vida e se tornam personagens mitológicos. Isto ocorre porque elas são excelentes no que fazem e simbolizam os anseios dos outros. Pelé representava o anseio do brasileiro em ser o melhor do mundo em alguma coisa e começou a se tornar este personagem quando foi eleito o atleta do século, em 1980. Só que prêmios podem ser roubados, jornais amarelam e tudo isso tende a desaparecer. Contudo, os filmes, principalmente após a era digital, não. Estes tendem a permanecer. Desta forma, o que o cinema e todos estes filmes fizeram foi contribuir para que Pelé jamais seja esquecido.