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Malu

Por Bruno Giacobbo

Conflito de gerações para afirmar que a saudade não tem preço

 

 

Ovacionado no Festival de Sundance, em 2024, e aclamado por algumas das mais importantes publicações culturais americanas, como a “Variety” e a “Indiewire”, o filme nacional “Malu” pousou em solo brasileiro, no último Festival do Rio, com o objetivo de repetir o sucesso obtido lá fora. O resultado foi mais aplausos e quatro prêmios em um dos principais festivais de cinema do país. Se você ainda não teve a chance de ver esta obra que mostra um intenso conflito de gerações, pode estar achando tudo exagerado. Todavia, o longa de estreia do cineasta Pedro Freire é ótimo.  

 

A trama é inspirada nos últimos anos da atriz Malu Rocha (1947–2013), mãe do diretor Pedro Freire. Isto quer dizer que a Malu da ficção, vivida por Yara de Novaes, é igual a sua homônima da vida real? Não, tanto que Pedro criou a personagem Joana (Carol Duarte), que serve como alter ego seu e de sua irmã, a atriz Isadora Ferrite. Na narrativa, Malu, Joana e mais a conservadora avó Dona Lili (Juliana Carneiro da Cunha) estão no centro do tal conflito. Esse, por sua vez, começa com o retorno da filha pródiga após um tempo longe de casa. Apesar de exercerem a mesma profissão, Malu e Joana são de gerações diferentes. Além disso, desde o início fica nítido que a mãe se ressente do fato da filha ter todo um futuro pela frente. Sob o mesmo teto, a convivência destas três mulheres se revelará explosiva. 

 

Antes de “Malu”, Freire só havia realizado curtas. A escolha do tema passou por um processo bem-sucedido de autocura. Filmando quase tudo dentro de uma casa, o diretor explora a grandiosidade das atuações em contraste com a exiguidade dos espaços em uma estrutura teatralizada, o que acabou sendo uma homenagem a sua mãe, essencialmente uma atriz do teatro. Depois de muitos risos e choros, proporcionados por drama e comédia em perfeito equilíbrio, o resultado é um espetáculo, fruto do trabalho de um profissional que domina seu ofício e a prova de que a saudade não tem preço.         

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