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Maria Antonieta (Marie Antoinette), de Sofia Coppola (Japão/França/EUA)

Por Myrna Silveira Brandão 

Sofia Coppola apareceu nas telas pela primeira vez com um ano de idade no clássico "O Poderoso Chefão", dirigido por seu pai. Voltou a aparecer no terceiro filme da trilogia e, mal avaliada como atriz, decidiu ser diretora. Após dois sucessos seguidos - "Virgens Suicidas" e "Encontros e Desencontros" - Sofia volta com Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006). 

O filme traz para as telas a história da jovem rainha francesa que aos 19 anos subiu ao trono ao lado de Luís XVI. Jovem e inexperiente, a adolescente é tirada de sua casa na Áustria e levada à França para um casamento de conveniência que deve selar a união dos dois paises. Negligenciada pelo marido, passa a levar uma vida frívola, com muitas festas, bebidas e um amante que pode ser o pai de seu primeiro filho.

Levar a vida de Maria Antonieta às telas foi de fato um desafio para Sofia, já que a figura retratada, além de polêmica, exerce ainda um certo fascínio em muitas pessoas, principalmente entre os franceses. Como atesta Evelyne Lever, uma das mais respeitadas biógrafas de Maria Antonieta, os republicanos a consideram uma estrangeira má que mereceu ser decapitada, enquanto os partidários da realeza a retratam como uma mártir e quase santa.

O filme tenta passar uma outra imagem para a rainha, inclusive no que se refere à alardeada indiferença com os desvalidos daquela época na França. Quando lhe atribuem a famosa frase - "se o povo não tem pão, que coma brioche" - ela retruca que é um absurdo, nunca disse isso.

A rainha é bem interpretada por Kirsten Dunst - que já havia trabalhado com Sofia em "Virgens Suicidas" - e Luis XVI é vivido pelo ator californiano Jason Scwartzman. Ao escrever o roteiro, Sofia se permitiu algumas liberdades, vindo daí as principais críticas ao filme, que segundo guardiões da história, tem muitos deslizes históricos. Além de afirmarem que alguns locais que aparecem no filme - como a Ópera Garnier - não existiam na época, afirmam que a rainha jamais teria aparecido nua diante de Axel Fersen da Suécia, seu suposto amante. 

Em termos musicais, Sofia também deu um toque de contemporaneidade ao filme, incluindo canções de sua preferência pelo estilo pop, através de grupos como Air e Phoenix. Sem entrar no mérito da veracidade ou não de alguns fatos inseridos na história, Maria Antonieta é um bom filme, bem interpretado e dirigido com mão segura por Sofia, que tem certamente uma promissora carreira pela frente, nessa sua escolha de passar para trás das câmeras.

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