Os melhores filmes de 2018
Por Mario Abbade
Toda a unanimidade é burra
“Como pode esse filme ter sido o melhor do ano?”, “Se não tem esse longa, essa lista não pode ser séria”, “Só concordo com x escolhas, o resto é lixo”... Em tempos de declarações precipitadas e inflamadas em redes sociais, essas são algumas das reações, entre dezenas de outras, que listas de melhores do ano recebem. Como dizia Nelson Rodrigues, “Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”. E as listas da ACCRJ não são unânimes — esta é a razão de elas existirem: para que se tenha uma troca de ideias, debates sobre as escolhas dos participantes. Este é o espírito da ACCRJ, que, desde a sua criação, informalmente em 1982 e oficializada em 1984, elege democraticamente, por meio de voto de seus integrantes, que não é secreto, aquilo que se acredita ter sido o melhor do ano.
Como nos anos anteriores, chegar aos 10 melhores não foi fácil: foram quatro turnos de votação. No primeiro turno, por exemplo, 28 filmes foram selecionados: “Corpo e alma”, “Roda-gigante”, “Viva”, “The square: A arte da discórdia”, “Me chame pelo seu nome”, “The post: a guerra secreta”, “Artista do desastre”, “Visages, villages”, “A forma da água”, “Insulto”, “Pantera Negra”, “Três anúncios para um crime”, “Eu, Tonya”, “Trama fantasma”, “Projeto Flórida”, “Em pedaços”, “Arábia”, “Um lugar silencioso”, “As boas maneiras”, “Canastra suja”, “Custódia”, “Ilha dos Cachorros”, “O animal cordial”, “Buscando...”, “Nasce uma estrela”, “O primeiro homem”, “Infiltrado na Klan” e “Em chamas”.
Ao final, ficaram 10, em ordem alfabética: “A forma da água”, “As boas maneiras”, “Em chamas”, “Ilha dos Cachorros”, “Infiltrado na Klan”, “Me chame pelo seu nome”, “Nasce uma estrela”, “Pantera Negra”, “Trama fantasma” (melhor do ano) e “Um lugar silencioso”. Se analisarmos essa lista, percebemos que tem drama, romance, ficção científica, suspense, comédia, ação, terror e animação. Certamente não é perfeita (nenhuma é), mas tem uma pluralidade nos gêneros e nos temas. E, talvez, o exercício aqui não seja questionar a falta ou a inclusão de um filme, mas, sim, apreciar aqueles com que você concorda e, quem sabe, dar uma chance para aqueles dos quais discorda.
Mario Abbade
Organizador da Mostra e Tesoureiro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ)