Mostras 2013
Por Lucas Salgado
O calendário cinematográfico do Rio de Janeiro foi bastante movimentado no ano de 2013, com espaço para grandes eventos (Festival do Rio, É Tudo Verdade e Anima Mundi), para mostras temáticas (O Cinema Cai no Samba, Caravana Cigana e CINEfoot) e para inúmeras retrospectivas, que deram acesso ao cinéfilo carioca a filmografias de nomes como Samuel Fuller, Werner Schroeter e Frederick Wiseman e a cinematografias de países como Irã (Mohammad Rasoulof e Jafar Panahi: Cineastas Iranianos), Hungria (Geração Praça Moscou: O Cinema Húngaro Contemporâneo), França (A França em Imagens e Festival Varilux de Cinema Francês) e Alemanha (Foco Alemanha – Festival do Rio).
Como em todos os anos, a mostra Melhores Filmes do Ano da ACCRJ serviu como uma espécie de ponto de partida em 2013. Na lista dos melhores de 2012 estavam presentes cineastas como Nelson Pereira dos Santos (A Música Segundo Tom Jobim) e Jafar Panahi (Isto Não É um Filme), que ganhariam retrospectivas ao longo de 2013. Também estava lá Cláudio Assis e seu Febre do Rato, que voltou a ser exibido em É Massa! 1ª Mostra do Cinema de Pernambuco. Agora, a ACCRJ continua prestando atenção ao cinema pernambucano, com as presenças de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, e Tatuagem, de Hilton Lacerda, entre os melhores do ano.
Palco do evento da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, o Centro Cultural Banco do Brasil contou com várias outras mostras ao longo do ano passado, com destaque para Nihon Eiga: Cinema do Japão – dos Samurais aos Animês, Alexander Sokurov – Poeta Visual, Mostra Quentin Tarantino, Oscar Micheaux: O Cinema Negro e a Segregação Racial, O Cinema de Rithy Panh e Mostra de Cinema Japonês: Retrospectiva Mikio Naruse, além da extraordinária Jacques Rivette – Já Não Somos Inocentes, que exibiu quase toda filmografia do cultuado diretor francês em 35mm. O CCBB também recebeu a elogiada exposição MOVIE-SE: No Tempo da Animação, que traçou um panorama histórico dos desenhos animados no mundo do cinema, de 1911 até hoje.
A CAIXA Cultural foi outro importante espaço no cenário cinematográfico carioca, abrigando mostras como Vigor Mortis – Debutante Sangrenta, Retrospectiva Irmãos Marx, Jornada Nas Estrelas – Brasil: A Fronteira Final e Ariano Suassuna – Arte Como Missão. O espaço ainda destacou a ligação entre a música e o cinema em eventos como Mostra Chico Buarque e 50 Anos de Beatles: Uma História de Cinema. A primeira exibiu seis filmes que ilustram a obra do artista, com destaque para o recente Abismo Prateado, de Karim Aïnouz, inspirado na música “Olhos nos olhos”. Já a segunda contou com 12 longas sobre os garotos de Liverpool, incluindo Os Reis do Iê, Iê, Iê, de Richard Lester, e o documentário George Harrison: Living in the Material World, de Martin Scorsese.
O Instituto Moreira Salles (Bertolucci à Luz da Lua e Homenagem a Benoît Jacquot), o Centro Cultural dos Correios (A Mão Livre de Luiz Carlos Ripper) e o Espaço Itaú (Semana dos Realizadores) também se destacaram, assim como o Oi Futuro, que realizou a Mostra Apichatpong Weerasethakul e ainda abrigou a significativa exposição Expo(r) Godard: Viagens em Utopia, com direito a diversas palestras sobre o cineasta. Além da exposição, o espaço exibiu clássicos de Godard como Acossado, Uma Mulher É uma Mulher, O Desprezo e o polêmico Je Vous Salue, Marie.
As retrospectivas cinematográficas também tiveram destaque fora do Rio, sendo que algumas deixaram o cinéfilo carioca morto de inveja. São Paulo contou com mostras de Neville D’Almeida, David Lynch, Pierre Perrault, Alain Resnais, Ed Wood, Philip K. Dick, Eric Rohmer e Billy Wilder, além de uma incrível exposição sobre Stanley Kubrick realizada no Museu da Imagem e do Som, que reuniu mais de 500 itens utilizados pelo diretor em seus filmes, como objetos de cena, figurinos, roteiros e claquetes. Kubrick também ganhou uma retrospectiva de sua obra durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2013, que exibiu clássicos como Nascido para Matar, Laranja Mecânica, 2001 – Uma Odisseia no Espaço, Spartacus e O Iluminado.
Howard Hawks Integral, Hitchcock é o Cinema, Maurice Pialat – Mostra Toda A Tristeza Do Mundo e Mostra Jean Vigo foram destaques em Belo Horizonte, enquanto Porto Alegre relembrou as carreiras de Philippe Garrel, Jonas Mekas, Béla Tarr e Ulrike Ottinger. O nordeste, por sua vez, conferiu Tati por Inteiro, em Aracaju, e Mostra Michael Haneke, em Recife, entre muitas outras.
Eventos como esses ajudam na promoção do cinema como força artística e criativa, e colaboram para um refinamento do cinéfilo brasileiro, muitas vezes contando com debates e cursos com profissionais da crítica e da sétima arte. É o caso da presente mostra realizada pela ACCRJ.