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Mostras e festivais de 2015

Por Lucas Salgado

O ano de 2014 não foi fácil para o cinéfilo carioca. O Grupo Estação ameaçado de encerrar as atividades. O Odeon fechado para reformas, mas sem previsão de reabertura. A Cinemateca do MAM (Museu de Arte Moderna) com pouca atividade e público menor ainda. O bom cenário de mostras e eventos cinematográficos no Centro Cultural do Banco do Brasil, na Caixa Cultural e no Instituto Moreira Salles, entre outros, permanecia ativo, mas a cena geral era longe da ideal.

 

Felizmente, o cenário mudou um pouco em 2015. O Grupo Estação passou por uma recuperação judicial, fechou novo patrocínio com a NET e reformou algumas de suas principais salas. A empresa também resolveu voltar a publicar a cultuada revista Tabu. “A retomada da revista complementa e qualifica a continuidade do projeto (ou dos projetos) do Estação. As pessoas que conheciam o velho Tabu saudaram a nova Tabu com entusiasmo e nostalgia. E acho que as novas gerações estão curtindo também. Só temos escutado elogios”, destaca Marcelo França Mendes, diretor do grupo Estação.

 

Já a Cinemateca do MAM começou a mudar de cenário em julho do ano passado, quando o crítico Ricardo Cota assumiu o posto de curador e iniciou uma série de projetos e parcerias que devolveram o interesse do público a este espaço de importância fundamental na cinefilia da capital fluminense. Ao lado do Cine Paissandu, no Flamengo, atualmente fechado, a Cinemateca teve grande importância na formação cinéfila nos anos 60 e 70, marcados pela ditadura militar, mas também pela forte presença do Cinema Novo. “O maior desafio era romper o isolamento. A Cinemateca, por motivos diversos, afastou-se da sociedade. Precisávamos reconstruir essa ponte. E isso foi conseguido graças ao apoio de parceiros de primeira hora, como o Grupo Joia, o Grupo Estação e o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. Também contamos com a confiança de um grande número de cineastas que se dispuseram a lançar seus filmes aqui”, afirma Ricardo Cota.

 

Não por acaso, a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro decidiu em votação reconhecer o relançamento da Tabu e a retomada da Cinemateca do MAM como dois dos eventos cinematográficos de destaque em 2015. O terceiro evento destacado pela ACCRJ foi a abrangente Retrospectiva Jean-Luc Cinèma Godard, no CCBB, que reuniu a obra completa do diretor franco-suíço, incluindo raridades de sua filmografia e contando com debates, cursos e palestras gratuitas.

 

Com o “retorno” do MAM e a nova realidade do Estação, o calendário de mostras cinematográficas foi ainda mais recheado em 2015. Como já é de costume, a mostra Melhores Filmes do Ano da ACCRJ serviu de ponto de partida para o calendário anual de eventos de cinema. O CCBB, palco da retrospectiva da ACCRJ, abrigou também muitas outras mostras, com destaque para Easy Riders, O Cinema da Nova Hollywood, Jerry Lewis - O Rei da Comédia, Dogma 95, Francis Ford Coppola, o Cronista da América, Nagisa Oshima e 12 Décadas de Cinema.

 

A Caixa Cultural foi outro importante espaço para a realização de mostras de cinema, especialmente retrospectivas. Ao longo do ano, o público pôde revisitar as carreiras de David Neves, Carlos Reichenbach, Carlos Hugo Christensen, Luiz Rosemberg Filho e, com destaque, Grande Othelo, na ocasião dos 100 anos de seu nascimento.

 

Outros espaços que contribuíram para a realização de mostras em 2015 foram o IMS (Mostra Eduardo Coutinho e Mostra Mapa Filmes); o MAM (Frank Sinatra – A Voz no Cinema, Mostra de Cinema Contemporâneo Português e Bigode: 50 anos de Cinema); o Cine Odeon - Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro (Mostra Internacional de Filmes de Montanha, Mostra Marvel Fase 2 e Festival de Cinema Cristão); e o Centro Cultural da Justiça Federal (Rio Festival Gay de Cinema e Festival Internacional de Filmes de Esporte).

 

Redes tradicionais também abriram suas salas para esse tipo de evento. O Espaço Itaú de Cinema foi palco do É Tudo Verdade, da Semana dos Realizadores e do Cinefoot, enquanto o Grupo Estação seguiu abrigando o Festival do Rio e ainda realizou mostras de Orson Welles, Stanley Kubrick e do cinema dos anos 80, para celebrar os 30 anos de atividade que a rede completou em 2015. Além do tradicional Festival Internacional de Cinema Infantil, o Cinemark manteve por todo ano sua sessão de clássicos do cinema.

 

Mostras e festivais de cinema são de fundamental importância para o aprimoramento e a difusão do pensamento crítico. Com a mostra Melhores Filmes do Ano, a ACCRJ busca estimular o debate cinematográfico e resgatar as obras que se destacaram em 2015, além de premiar as iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento da sétima arte no Rio de Janeiro.

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