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O homem invisível

Por Mario Abbade

Seguindo a cartilha de Hitchcock

A Dark Universe, que reúne os clássicos monstros da Universal (Fantasma da Ópera, Drácula, Frankenstein, Homem Invisível, Lobisomem, Dr. Jekyll e Monstro da Lagoa Negra), foi pensada para se transformar numa franquia com todos os personagens em aventuras cheias de ação e humor, uma espécie de “Os Vingadores”, para competir com os super-heróis da Marvel.

 

Com o fracasso de “A múmia” (2017), Hollywood resolveu retornar ao velho conceito de horror sem restrições de indicação etária e com nenhuma expectativa de que essas criaturas existam como parte de um universo compartilhado. “O homem invisível”, clássico de ficção científica de H.G. Wells (“A máquina do tempo”, “A guerra dos mundos” e “A ilha do Dr. Moreau”, entre outros romances), é o primeiro projeto a seguir esse viés. E com um ótimo resultado.

 

Na trama, Cecilia (Elisabeth Moss) abandona o namorado abusivo Adrian Griffin (Oliver Jackson-Cohen), um renomado cientista que é milionário. Ele resolve tirar a própria vida e deixa sua fortuna para ela. Mas Cecilia suspeita que a morte de Adrian foi uma farsa. E, enquanto uma série de coincidências se tornam letais, ela tenta provar que está sendo caçada por alguém que ninguém pode ver.

 

Como “A forma da água”, o grande vencedor do Oscar 2018, a clássica história de “O homem invisível” volta a serviço de um tema importante. No caso, a relação abusiva entre um homem e uma mulher. Os elementos correlatos, como traumas, medo, paranoias e fobia, são ilustrados com inteligência.

 

Para tratar desse assunto tão atual, o diretor australiano Leigh Whannell segue a cartilha do mestre Alfred Hitchcock à risca, com uma linguagem cinematográfica rica de ideias em que trilha, som, cenários e imagem resultam numa pequena obra-prima. Tudo com uma interpretação digna de Oscar para Elisabeth Moss.

 

Whannell trabalha com terror desde 2003, quando escreveu o roteiro de “Jogos mortais” em parceria com James Wan, filme que deu fama mundial ao subgênero torture porn (pornô de tortura), combinação de violência gráfica com imagens sexualmente sugestivas. De lá para cá, Whannell roteirizou diversos projetos de terror, estreando como diretor com o interessante “Sobrenatural: A origem” (2015). Seu longa posterior foi o violento e engraçado “Upgrade: Atualização” (2018).

 

Apesar de os dois projetos terem tido bons resultados nas bilheterias e aprovação da maioria dos especialistas, não se imaginava que Whannell apostaria numa abordagem calcada na expressão “menos é mais”, ou seja, uma reinterpretação minimalista de “O homem invisível”. Essa guinada rendeu um dos melhores filmes de terror de 2020. O sucesso foi tanto que ele foi escalado para tocar a nova adaptação de “O Lobisomem”, outro clássico monstro da Universal.

O homem invisível (The invisible man), de Leigh Whannell (Canadá/Austrália/USA, 2020). Com Elisabeth Moss, Oliver Jackson-Cohen, Harriet Dyer.

 

Drama/Horror. Sinopse: Depois de forjar o próprio suicídio, um cientista enlouquecido usa seu poder para se tornar invisível e aterrorizar sua ex-namorada. Quando a polícia se recusa a acreditar em sua história, ela decide resolver o assunto por conta própria. 124 minutos. 16 anos.

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