
Os Rejeitados
Por Célio Silva
Um inusitado filme de Natal
O diretor Alexander Payne volta ao ambiente estudantil americano 25 anos depois de lançar “Eleição” (1999), um dos longas mais populares de sua carreira, com “Os rejeitados”. Mas ao contrário da produção que ajudou a tornar Reese Witherspoon uma estrela do cinema, o novo filme tem um tom mais sóbrio e melancólico, que remete a “Nebraska” (2013), uma de suas melhores obras.
Ambientada em 1970, a trama é protagonizada por Paul Hunham (Paul Giamatti), um professor não muito popular na escola em que trabalha, que é obrigado a cuidar dos alunos que não conseguem voltar para casa durante a época do Natal. Um deles é o problemático Angus Tully (Dominic Sessa), que tira o seu sossego com seu comportamento rebelde. Aos poucos, os dois passam a se entender melhor e formam, junto com a cozinheira-chefe Mary Lamb (Da'Vine Joy Randolph), uma inesperada aliança que vai ajudar a lidar com os problemas que rondam suas vidas.
O grande mérito de “Os rejeitados” é como todos os seus elementos estão em perfeita sincronia. Além da boa direção de Payne, o roteiro de David Hemingson constrói muito bem sua história com reviravoltas realmente imprevisíveis e personagens que conseguem fazer o espectador se importar com eles.
Vale ressaltar o talento inquestionável de seu elenco, em especial Paul Giamatti, que dá humanidade ao professor pouco sociável, e Da'Vine Joy Randolph, que levou o Oscar de melhor atriz coadjuvante de 2024. A cena na qual ela se emociona ao ouvir uma música que lembra seu filho morto na Guerra do Vietnã já vale todo o filme. O jovem Dominic Sessa se sai bem em seu primeiro papel no cinema e deve realizar trabalhos promissores no futuro.
Com um humor peculiar e um desfecho agridoce, “Os rejeitados” é um verdadeiro filme natalino (mesmo não se parecendo nada com outras produções do gênero), que ganha por sua originalidade. Quem o assiste, fica com ele na memória durante muito tempo após seu final. Como acontece com os melhores filmes em geral.
