Outras homenagens póstumas de 2022
Por Zeca Seabra
Quem também nos deixou em 2022
O ano de 2022 somou inúmeras perdas para o cenário artístico e cultural no Brasil e no mundo. A ACCRJ presta uma homenagem a alguns destes artistas que conseguiram construir uma carreira tão sólida, que é lembrada mesmo após suas mortes. Pessoas que marcaram uma geração e que mostraram para o mundo seu verdadeiro talento.
Em 7 de janeiro, aos 94 anos, morria o ator e diretor Sidney Poitier, responsável pelo seu forte ativismo como um representante afrodescendente numa preconceituosa Hollywood. Sidney foi o primeiro negro a ganhar um Oscar de melhor ator pelo filme “Uma voz nas sombras” (Lilies of the field), em 1963, e, em 2001 ganhou um Oscar honorário pela sua contribuição para o cinema americano. Sua carreira reflete a vitória de uma viagem que parecia impossível contra um racismo enraizado na cultura dos EUA.
Também em janeiro o cinema perdeu o diretor Peter Bogdanovich, um dos representantes da geração “Nova Hollywood”, da qual fazem parte Steven Spielberg, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese, entre outros. Seu segundo filme, “A última sessão de cinema” (The last picture show), de 1971, ganhador de dois Oscars, o lançou para o sucesso aos 32 anos e o consolidou como um dos mais importantes realizadores da década de 70. Peter também teve destaque como pesquisador, professor e crítico de cinema.
No Brasil perdemos o ator Milton Gonçalves aos 88 anos. Milton foi um dos primeiros atores a ser contratado pela Rede Globo em 1965, e chegou a ser indicado ao Emmy internacional pelo seu trabalho em “Sinhá Moça”. Sua estreia no cinema se deu em “O grande momento” (1957), tendo atuado em “Macunaíma” (1969), “A rainha diaba” (1975), “Lúcio Flávio – O passageiro da agonia” (1979), “O beijo da mulher aranha” (1985) e “Luar sobre Parador” (Moon over Parador, 1988).
Um dos maiores nomes da música popular brasileira, Elza Soares faleceu aos 92 anos, deixando um enorme legado artístico. Dona do título “a melhor cantora do Universo” dado pela BBC londrina, Elza enfrentou inúmeras batalhas dentro e fora dos palcos e teve uma breve carreira no cinema, atuando em 3 filmes do ator e cineasta Amácio Mazzaropi (“O vendedor de linguiça”, de 1962, “O puritano da rua Augusta”, de 1965 e “Um caipira em Bariloche”, de 1975). Elza também participou de “Briga, mulher e samba” (1960), “A morte em 3 tempos (1964), “Chega de saudades” (2007) e emprestou sua voz para a animação “História antes de uma história” (2014). A cantora também foi tema de dois documentários: “Elza” (2009) e “My name is now – Elza Soares” (2018).
O cineasta, escritor, colunista e jornalista Arnaldo Jabor deixou uma grande lacuna com sua morte aos 81 anos. Crítico mordaz inconformado com as mazelas brasileiras, Jabor deixou sua marca na história do cinema brasileiro. Indicado à Palma de Ouro de melhor filme por “Eu sei que vou te amar”, em 1986, Jabor realizou obras memoráveis entre as quais “Toda a nudez será castigada”, adaptada da peça homônima de Nelson Gonçalves, chegando a ganhar o Urso de Prata no Festival de Berlim em 1973.
Outra grande perda que merece nossa homenagem é a do multifacetado Jô Soares aos 84 anos. Humorista, entrevistador, escritor, ator, dramaturgo, colunista, autor, diretor teatral, artista plástico, músico e pintor, Jô participou em 22 filmes, entre eles “O homem do Sputnik” (1959), “O pai do povo” (1976) e “O xangô de Baker Street” (2001) este último, baseado em seu romance.
Destacamos também outras perdas como os atores William Hurt, Ray Liiotta, Jean Louis-Trintignat, James Caan e as atrizes Olivia Newton-John, Louise Fletcher e Angela Lansbury.
A ACCRJ aplaude e presta homenagem à estes artistas que nos emocionaram e nos incentivaram a olhar para o mundo de outra forma.