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Retrospectiva 2022

Por Lucas Salgado

E o cinema sobreviveu...

Talvez ainda estejamos muito próximos para ter uma dimensão exata, mas é possível que daqui a alguns anos, olhando para trás, vejamos 2022 como o ano em que o cinema mostrou sua força e não aceitou morrer. Na última década, com a popularização do streaming, os mais pessimistas apontavam que o cinema estaria com os dias contados. E isso só se intensificou com a pandemia, especialmente em 2020 e 2021. Decisões como a da Warner de lançar seus filmes mais aguardados simultaneamente nas salas e no streaming, além do fechamento de cinema ao redor no mundo, parecia sugerir um cenário catastrófico para a indústria. 

 

E foi sim catastrófico. Todas as exibidoras contraíram dívidas pesadas e muitas salas seguem ameaçadas, mas o fim não veio. Ao seu modo, o cinema sobreviveu e um público se fez presente para mostrar que a experiência cinematográfica ainda deveria ser valorizada.

 

2022 começou com um tapa na cara. Dois, na verdade. Um, literal, foi o de Will Smith em Chris Rock na edição passada do Oscar. O outro, figurado, foi a onda da Ômicron, que prejudicou um início de ano que prometia ser muito positivo para o cinema nacional, com obras como “Turma da Mônica - Lições”, “Tô ryca 2” e “Medida provisória”, não por acaso os maiores sucesso da cinematografia nacional no período. Sem a presença da variante da Covid-19, o primeiro semestre teria sido bem mais positivo.

 

O circuito de arte e o cinema nacional ainda lutam para reencontrar seus públicos, mas o blockbuster já recuperou seus fãs, como deixou claro o bom desempenho de “Doutor estranho no multiverso da loucura”, “Thor: Amor e trovão” e “Avatar: No caminho da água” nos cinemas brasileiros. É impossível falar de 2022 e não lembrar de “Top Gun: Maverick”, filme de maior sucesso em todo mundo e prova de que Tom Cruise ainda é um dos últimos grandes astros da sétima arte.

 

O grande desafio da indústria cinematográfica em 2022 foi devolver às pessoas o hábito de frequentar os cinemas, o que ainda segue como um objetivo para o novo ano. Para atrair o público e mostrar que não há nada como a experiência na sala escura, várias estratégias foram adotadas pelo mercado, como o relançamento de produções com uma vasta base de fãs. Foi assim que “Avatar”, “Harry Potter e a câmara secreta” e os cinco longas de “Crepúsculo” voltaram a cartaz.

 

No mesmo sentido, curadores, donos de salas e produtores de eventos passaram a investir em sessões especiais em busca do público. No Rio, os cinemas do Grupo Estação se destacaram com exibições de clássicos brasileiros como “A rainha diaba”, “Bye bye Brasil” e “Eu sei que vou te amar”, sempre com cópias 35 mm para atrair a atenção do cinéfilo. Reaberto no último mês de dezembro, o Cine Casal Museu da República também tem investido em mostras e sessões comemorativas. Na sala, o público teve acesso a produções como “Contrato para matar”, com Frank Sinatra, além do clássico de Frank Capra “A felicidade não se compra”.

 

O CCBB-RJ, o IMS, a Cinemateca do MAM, o Cine Santa Teresa e o Espaço Itaú de Cinema foram outros locais de muitos eventos e programações cinematográficas no ano de 2022, que também marcou de forma definitiva a volta dos eventos presenciais, como foram os casos do É Tudo Verdade, o Festival Varilux e, é claro, o Festival do Rio, que voltou a sua forma passada, com uma programação com mais de 200 longas.

 

Após sobreviver no ano passado, a expectativa é que o cinema volte a crescer em 2023. E a ACCRJ estará aqui para ver isso acontecer.

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