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SANGUE DE PANTERA - A liberdade de cada um


Sangue de Pantera

Jacques Torneur foi um artesão de imagens que, há quase 80 anos, abriu portas para futuras ressignificações com essa história de suspense psicológico que flerta com o noir. No roteiro de DeWitt Bodeen, uma jovem sérvia (o "diferente" sendo apresentado como "estrangeiro") visita continuamente a jaula de uma pantera negra no zoológico e chama a atenção de um americano solitário, que se apaixona e a pede em casamento. Por medo de uma condição extraordinária, Irena não se entrega a Oliver e seu matrimônio não é consumado, ficando refém de seu estado.


A atmosfera vai além da estranheza que a narrativa propõe a partir do jantar de casamento, quando outra personagem sérvia chega até eles e declara algumas frases na direção de Irena em sérvio, nunca traduzido. Essa mulher não voltará ao filme, mas o olhar lascivo que ela lança na direção da protagonista revela uma nova perspectiva sobre a trama. Vinda de um lugar desconhecido, Irena tenta não fugir das obrigações da época para uma mulher, mas não se submete ao que a sociedade espera dela; vive então no limbo, entre sua natureza e o que em 1942 cabia nos papéis de gênero.


Irena era (literalmente) um bicho de outra cultura, descolada de seu tempo e precursora de uma voz que o mundo não observava; o filme declara que veio de fora o frescor que tiraria dos lugares habituais as certezas sobre a sexualidade. Irena vai se libertando aos poucos e percebendo que nada é obrigatório, e que a natureza de todos nós é soberana. O final deliciosamente ambíguo brinca com as certezas da sociedade e trata o indivíduo como o ser autônomo que de fato é, cuja liberdade é primordial para a continuidade da espécie. Humana.


Alusões Homoeróticas do Cinema Clássico

Cinemateca do MAM

De 8 a 14 de abril

Ingressos gratuitos

Cinemateca do MAM

Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85 - Praia do Flamengo, Rio de Janeiro - RJ, 20021-140

Telefone: (21) 3883-5630


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