Cowboy do asfalto - John Travolta se aventura pelo velho oeste
Com uma filmografia majoritariamente composta por musicais, o produtor Robert Stigwood foi o responsável por transformar John Travolta em astro de cinema nos anos 1970 com “Os embalos de sábado à noite”, de John Badham, e “Grease: Nos tempos da brilhantina”, de Randal Kleiser.
Com a carreira em ascensão em Hollywood, Travolta decidiu trilhar caminhos mais ousados nos anos seguintes, saindo da zona de conforto proporcionada por seus icônicos personagens nas produções de Stigwood: Tony Manero e Danny Zuko. Assim, o ator se aventurou pelo Velho Oeste, outrora dominado por John Wayne, num filme que tem em seu DNA o “macho à moda antiga”, mesmo para os padrões da década de 1980: “Cowboy do asfalto” (Urban cowboy, 1980).
Drama travestido de romance, “Cowboy do asfalto” leva às telas a violência doméstica como algo enraizado numa sociedade que à época via o homem como chefe, permitindo que ordenasse a sua mulher ou namorada que realizasse suas vontades, seguindo sua cartilha apesar das discordâncias. Neste sentido, o longa apresenta a transformação do caipira Bud (Travolta) num homem obcecado por Sissy (Debra Winger), entrando numa disputa de egos ao perdê-la para Wes (Scott Glenn), caubói renomado que opera o touro mecânico do bar local, o Gilley’s, onde parte da trama se desenvolve.
Ambientado no Texas, “Cowboy do asfalto” ganha elementos politicamente corretos por meio da dor de Bud, que entra numa jornada redentora para viver o amor em sua plenitude, salvando a mocinha das garras do homem mau e inescrupuloso, mantendo a essência do faroeste clássico. Dirigido por James Bridges, de “Síndrome da China” (1979), o filme inspirou a produção do documentário “Urban cowboy: The rise and fall of Gilley's” (2015), de John Dorsey, e do telefilme “Urban cowboy” (2016), de Craig Brewer.
(Texto publicado na revista da mostra "Nos Embalos de Uma Parceria", realização ACCRJ/Cinemateca do MAM - agosto 2019)