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A profecia do novo mundo


Maxwell Caufield e Michele Pfeiffer

A indústria cinematográfica não perde oportunidades. Depois do sucesso estrondoso de “Grease - Nos tempos da brilhantina”, de Randal Kleiser, com suas músicas icônicas, Hollywood investe em sua continuação em 1982. Com direção da estreante Patricia Birch, e sem os astros do anterior, Olivia Newton-John e John Travolta, que ficaram surpresos com a decisão do novo roteiro, “Grease 2 - Os tempos da brilhantina voltaram” pode ser considerado uma derivação Spin Off, cuja responsabilidade do protagonismo recai sobre os atores Michelle Pfeiffer e Maxwell Caulfield.


Se no clássico de 1978 a ingenuidade zombeteira da Califórnia de 1959 tinha uma inocente nostalgia, neste, os espectadores têm a certeza de que o mundo realmente mudou. E em pouquíssimo tempo. A corrida competitiva dos carros de antes foi substituída por uma atmosfera mais rebelde, com suas motos ambientadas em 1961. A passional, medrosa, insegura e confusa efervescência juvenil adquiriu uma superficial e perspicaz crueldade de enaltecer picardias e o desejo sexual (em que “o corpo é mais desenvolvido que o intelecto”). Os valentões precisam, com mais audácia, “proteger a reputação da fama de mau” com deboches (à moda “Superman") e bullying explícitos.


“Grease 2” analisa de forma crítica a nova geração americana em construção. Ainda mais infantil, fútil e sem juízo. Tudo a partir de uma pergunta e uma resposta. "O que vai ser quando se formar? Um peso para a sociedade”, soando como uma profecia de inter-relações apresentadas de forma egoísta, estereotipada, teatral e sem moderação no maniqueísmo. E a necessidade de validação da projeção, em seu intento de ser a melhor, é potencializada com seu show de talentos musicais por espalhafatosas danças coletivas de fama volátil.


(Texto publicado na revista da mostra "Nos Embalos de Uma Parceria", realização ACCRJ/Cinemateca do MAM - agosto 2019)


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