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Quando o Jazz soltou a voz pela primeira vez no cinema (e o mundo nunca mais foi o mesmo)


Até o ano de 1927, os filmes podiam ser vistos, mas não ouvidos. Apenas era possível a inserção da trilha sonora, original ou não, que era interpretada ao vivo por músicos e ajudava o povo a ter uma experiência mais imersiva em relação às imagens projetadas na tela. Mas tudo isso mudou quando a Warner Brothers lançou “O cantor de jazz” (“The jazz singer”), o primeiro filme falado da história do cinema.


A obra trazia alguns diálogos e todos os seus números musicais gravados e inseridos em suas cenas a partir do Vitafone, que iniciou um processo sem volta da substituição do cinema mudo pelo falado. O sucesso estrondoso de “O cantor de jazz” (custou cerca de US$ 422 mil e arrecadou US$ 7,63 milhões nos EUA, segundo dados do IMDB) mostrou que esse era um caminho sem volta e que, pouco a pouco, a revolução sonora era uma realidade. Esse episódio foi retratado em outros filmes marcantes, como “Cantando na chuva” e o vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2012, “O artista”.


Na trilha sonora, destacam-se as canções “Blue skies”, clássico de Irving Berlin, “Toot, Toot, Tootsie (Goo' bye!)” e “My mammy”. Todas interpretadas pelo protagonista vivido por Al Jolson, que se vale do recurso do blackface para cantá-las em alguns momentos, algo altamente condenável nos dias de hoje, mas que era bastante comum entre os artistas da época.


No filme, o jazz é mostrado como o sinal dos tempos, como se as mudanças fossem inevitáveis, contrastando com as tradições, representadas pelas origens judaicas do personagem principal. Por isso, a música de “O cantor de jazz”, aliada a suas imagens, mudou Hollywood e o mundo para sempre, abrindo caminho para o futuro, como diz Al Jolson numa de suas passagens mais famosas do filme: “Vocês ainda não viram nada!”.

(Texto publicado na revista da mostra "O Jazz vai para Hollywood" parceria ACCRJ/Cinemateca do MAM - Setembro de 2019)



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