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Vincere, de Marco Bellocchio (França/Itália)

Por Carlos Augusto Brandão 

Vincere, de Marco Bellocchio, segue a linha do consagrado diretor italiano, autor de filmes contestadores como Boa Dia, Noite (2003), sobre o seqüestro e a execução do ex-Primeiro Ministro Aldo Moro.

Conhecido por esse e outros filmes controversos como O Sorriso de Minha mãe,  De Punhos Cerradose O Diabo no Corpo, Bellocchio aborda em Vincereuma parte ainda pouco conhecida da vida do ditador Benito Mussolini: a trágica história de Ida Dalser (Vittoria Mezzoggiorno),  que foi o grande amor de sua juventude e com quem teve um filho, que se chamou Benito Albino Mussolini, mas nunca foi reconhecido pelo pai.  

Quando os dois se conhecem em Milão, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, Il Duce iniciava sua carreira na política como ativista socialista com apoio de Ida, inclusive financeiro, como foi o caso da edição do periódico Il Popolo dItalia. Mas, na medida em que ele se projeta como líder fascista, a relação dos dois entra em crise.


Como insistia em ser reconhecida como mãe do seu filho - proclamando esse fato até para o Papa - ela é internada à força num hospício, onde permaneceu por mais de 11 anos, enquanto seu filho é enviado a um instituto de adolescentes. 

O filme, que é contado sob a perspectiva de Ida, se forma em duas vertentes.  De um lado, sua obsessão por Mussolini, retratada através do trágico caminho até a loucura. De outro, uma visão exaltada da história oficial, capturada na primeira hora do filme nos noticiários da época e que exprimem uma imagem aterradora do poder fascista. Na segunda hora (a duração é de 128 minutos), o foco se dirige de forma mais direta para o drama de Ida. Filippo Timi interpreta o jovem Mussolini e, num segundo momento, vive o filho do Duce com Ida.

A utilização do material de arquivo é um dos pontos altos do filme, numa mescla que resultou numa perfeita unidade narrativa para a trama, expressando, em forma testemunhal, todo o horror, a crueldade e a violência do fascismo. 

Bellocchio, que retoma o viés operístico de seu longa de estréia De Punhos Cerrados, define seu novo trabalho como um melodrama verdiano. 

"Na história do anti fascismo italiano, os personagens sempre pertencem ao partido de oposição. Ida, ao contrário, é uma mulher que apoiou Mussolini desde o início e isso me pareceu uma razão mais do que suficiente para fazer o filme", explica o diretor que com Vincere chega ao seu 33º longa-metragem numa importante carreira de quase 50 anos.   

Vincere - Itália/França, 2009 - Direção: Marco Bellocchio - Roteiro: Marco Bellocchio e Daniela Ceselli - Produção: Olivia Sleiter - Fotografia: Daniele Ciprì - Montagem: Francesca Calvelli - Música: Carlo Crivelli - Elenco: Giovanna Mezzogiorno, Filippo Timi, Fausto Russo Alesi, Michela Cescon - Duração: 128 minutos

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